Novo relatório da Persistent Market Research aponta que o segmento precisa se adaptar a tendências como alternativas de base biológica, fusões e aquisições e panorama regulatório
Os fertilizantes fosfatados — produtos com alta concentração de fósforo para aumentar a fertilidade do solo — são cruciais no setor do agronegócio. Eles servem como nutrientes vitais para o crescimento das plantas, sendo amplamente empregados em práticas agrícolas em todo o mundo para aumentar o rendimento das colheitas.
De acordo com novo relatório da consultoria de inteligência de mercado Persistent Market Research, o segmento de fosfatados deverá se expandir a um CAGR — a Taxa de Crescimento Anual Composta — de 5,3% e, assim, aumentar de um valor de US$ 54,6 bilhões em 2023, para US$ 78,4 bilhões até o final de 2030.
A expansão do mercado é impulsionada pelo crescimento contínuo da população global e a necessidade de ampliar a produção de alimentos.
Tendências no mercado de fertilizantes fosfatados
Neste contexto, segundo a Persistent Market Research, os fertilizantes devem seguir em crescimento até o fim da década, provocando movimentações no panorama regulatório, nas alternativas à base biológica e nas fusões e aquisições do setor.
1. Aumento da procura de fertilizantes de alta eficiência: Os agricultores procuram fertilizantes que ofereçam maior conteúdo e liberação de nutrientes, maximizando o rendimento das colheitas e minimizando o impacto ambiental. Esta tendência está a impulsionar a procura por misturas especiais, fertilizantes de libertação controlada e fertirrigação (aplicação de fertilizantes através de sistemas de irrigação).
2. Alternativas orgânicas e de base biológica: Consumidores interessados em práticas mais sustentáveis levam ao desenvolvimento de fertilizantes orgânicos e de base biológica como alternativas aos fertilizantes fosfatados tradicionais. O desafio está em ganhar escala nas aplicações no campo e manter a relação custo-eficácia a qual os agricultores estão acostumados.
3. Foco na sustentabilidade e nas preocupações ambientais: As preocupações ambientais em torno da mineração de fosfato e da poluição da água estimulam o desenvolvimento de práticas sustentáveis. Isto inclui minimizar os resíduos, explorar fontes alternativas de fosfato e promover a reciclagem de nutrientes através de compostos e biofertilizantes.
4. Fusões e aquisições: A busca por novos produtos e tecnologias mais eficientes e sustentáveis tem aquecido as fusões e aquisições no segmento, o que pode levar ao aumento da concorrência e às flutuações de preços.
5. Panorama regulatório e mudanças políticas: As regulamentações governamentais sobre o uso de fertilizantes e o impacto ambiental podem impactar significativamente o mercado. Mudanças nas políticas podem incentivar ou desencorajar o uso de certos tipos de fertilizantes, influenciando a dinâmica do mercado.
6. Inovações tecnológicas na produção e aplicação de fertilizantes: Inovações como a nanotecnologia e os revestimentos de libertação controlada do insumo tebden a melhorar a eficácia e a eficiência dos fertilizantes fosfatados. Esses avanços podem ajudar a reduzir a quantidade aplicada no solo e, ao mesmo tempo, melhorar o rendimento das plantas.
7. Instabilidade geopolítica e concentração de recursos: O mercado está fortemente concentrado em algumas regiões-chave, especialmente em Marrocos e na China, tornando-o vulnerável a perturbações geopolíticas e à escassez de recursos. O contexto geopolítico atual estimula a diversificação das cadeias de abastecimento e investimentos na exploração de novas reservas de fosfato. Um exemplo é o Plano Nacional de Fertilizantes do governo brasileiro.
Fertilizantes no Brasil
No fim de novembro, o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Confert) aprovou as diretrizes, metas e ações do novo Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), cujo objetivo é reduzir a dependência externa do país nesse setor. Atualmente, mais de 87% dos fertilizantes usados pela agricultura são importados, ao custo de US$ 25 bilhões anuais.
O horizonte do PNF é chegar a 2050 com uma produção nacional capaz de atendar entre 45% e 50% da demanda interna. Para tanto, o Plano revisado e aprovado pelo Confert listou cinco diretrizes, 27 metas e 168 ações de curto, médio e o longo prazos.
As principais ações de curto e médio prazo visam reativar, concluir ou ampliar fábricas de fertilizantes estratégicas para o Brasil, sobretudo nitrogenados e fosfatados.
Nessa direção, a Petrobras, que faz parte do Confert, já anunciou a retomada das fábricas de nitrogenados de Araucária (PR) e Três Lagoas (MS), bem como a intenção de aumentar as encomendas para as unidades da Unigel de Sergipe e Bahia. O setor privado também está aumentando investimentos, como nas obras do complexo da Serra do Salitre (MG), para produção de fosfatados.
Os direitos de exploração em Salitre são da EuroChem. Em 2022, a empresa com capital russo e sede na Suíça investiu US$ 1 bilhão e montou o maior projeto da companhia fora da Europa, além de ser a promessa de maior produção de fertilizantes no Brasil.
A licença para iniciar as operações foi concedida em dezembro do ano passado. Com isso, a expectativa é a produção de 1 milhão de toneladas do insumo por ano, representando 15% da demanda nacional deste fertilizantes.